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sábado, 22 de setembro de 2012

Devaneios de um mendigo


               
   

Breve encanto efêmero, distante oculto e vazio.
De tanto te esquecer, lembrei do meu caminho.
É triste ser o desatento, é frio respirar o ar alento.
Estou Caído, deixado por alguém desconhecido.
Ferido, viciado, mas não quero ser interrompido.

-Queridos pássaros! Desdém desta vida repugnante e solitária.

Mas ora! Dera-me eu fazer tudo que aconselho. Se nem amarrar meus próprios sapatos, da forma correta, eu consigo. Era de se esperar, um pobre mendigo se comparando aos míseros pássaros, eles podem ser míseros, mas sabem voar.

E quanto a mim? Serei um pobre mendigo pro resto da vida? Mas é óbvio que sim. Pessoas que vão e vêm, pessoas que riem e choram umas até se dirige a palavra a mim, mas outras têm um nojo infinito, como se eu tivera feito algo maléfico e impiedoso. Pessoas batalhadoras que soam para ganhar o seu salário mínimo tão relevante. Deslumbro-se ao ver todo dia o sol nascente esplendoroso e se esvair, deixando a lua brilhar para me servir de abajur, ás vezes acaba esquecendo-se de tudo e que só estar ali apascentando a vista é a melhor coisa de ser mendigo. Será que alguém reparou na lua hoje? Creio que não, o descanso é importante de mais pra eles, Dera-me eu ter algo relevante para fazer, se não correr dos cachorros raivosos, Desgraçados e malditos. Se alguém é culpado por eu ter roupas rasgadas, são os cachorros repugnantes. Ao olhar para o lado vejo de longe uma imagem ofuscada e intrigante, percebo que é coisa da minha cabeça e volto a dormir. Mas eu escuto um som vindo dos fundos do beco onde durmo.


-Quem este ai?- balbuciei em voz alta, mas o mesmo som vindo de lá eu escutei.

- Se for algum ladrão, eu juro que poreis as mãos em você, desgraçado e pertuboso ser insignificante! Exclamei eu pensando que fosse algum ser desse planeta, mas quando olho para cima não deu tempo para mais nada. Surrupiaram-me em questão de segundos.

Depois de muito tempo adormecido, quando abro os olhos, vejo um ser grotesco, esdrúxulo, melhor dizendo. Supostamente seria um ET.

-Mais o que diabos vocês são? Perguntei em tom de deboche, pois já estava completamente bêbado.

-Cale-se, terráqueo. Vamos ter que abrir você.

-Mas o que? Perguntei afoito e com medo.

- Vamos examinar o seu corpo e descobrir mais sobre o seu funcionamento.

Após me abrir, eles não conseguiram entender tantos sentimentos confusos, tantos anseios prematuros, tantas vontades impróprias, meu coração nem sequer batia, em meio tudo aquilo havia um sangue sujo e me acharam inútil, como todas as outras espécies terrestres, me jogaram no mar.

Por sorte sabia nadar e ao chegar à areia, permaneci deitado e pensativo, refletia o momento que eu acabara de presenciar.

-Mas afinal de contas, será que sou louco? Perguntei a mim mesmo, mas a verdade veio átona e respondi pra mim:

- É João, parece que sim.

Permaneci horas conversando comigo mesmo, havia um desejo estranho fora do normal, queria me afogar, mas o sol estava quase nascendo e aquilo é como se fosse uma voz dizendo que desistir é uma tolice, acabei dormindo lá mesmo. Estranho o sonho que sonhei, vi de longe uma mulher pequena de cabelos longos e pretos, estava vindo em minha direção. Tão meiga, comparei com a sensitiva, pois tão sensível parecia, aquela inevitável mulher, por quem eu estava a se apaixonar. Me dizia coisas que eu tenha em mente desde de que me entendo por gente. Um par perfeito. Breve sonho distante, tudo aquilo doeu em mim, teria preferido não dormir, penso em tudo que vivi e digo:

- A quem estou tentando enganar?

Jogo-me no mar, vejo fora da água um sol fosco e amargo, me afogo com a dor de ter vivido um passado distante. E ver tudo daqui de cima parece bem melhor do que viver amores infrutíferos e egoístas de pessoas falsas e iludidas


-Adeus! Adeus!






João Pedro (00:23) 23/09/2012