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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O esquecido


                        O esquecido
Entre todos os meus devaneios este é o que me recordo com mais clareza. No acender das luzes nós sabemos quem é quem e no decorrer da vida aprendemos a lidar com nossas diferenças, Ainda lembro-me da face turva que no meu caminho apareceu semelhante aos pecados carnais de outrora associados com a desordem e a alienação do ser humano.
Em uma tarde vazia decidi respirar o ar de fora de casa, me encontro com o destino.
-quem é você? (pergunto para o suposto desconhecido)
- Eu sou o destino, levo a vida como um pássaro cantante. Enxergo a alma das pessoas e vejo tudo que se passa, não quero estar mal-informado. E você andarilho quem eis?
-Ah, eu sou o tudo, o nada, eu sou o tédio, a diversão, eu sou a ilusão. Vivo a vida de poeta atormentado, escrevo para desabafar, escrevo para ver se eu me acho, no entanto, continuo perdido em mim.
-Já tivesses um amor andarilho?
- De fato, sem amor ninguém vive. Poente ou não poente, platônico ou não platônico, precisamos de um para viver. Hoje existe uma razão dos meus devaneios, uma linda morena de cabelos pretos e curtos, olhos pretos e penetrantes, é ela que me faz perder a cabeça, é ela que me faz voltar todos os meus pensamentos, é ela que me faz perder o controle.
 -Ela de fato, gosta de você! Estou errado?
- quem dera destino, quem me dera encostar meus lábios em face poente e esplendorosa como aquela. Ela é como se fosse perfeita,mas como ninguém é, eu sei que é só aparência, não a vejo mais, agora só tenho breves passamentos de alegria em mim. Então me despeço do destino e cruzo com a solidão.
- quem é você?
- eu sou a solidão, eu vago sozinha por ai na imensidão, vivo uma vida sem paixão. Agora conte-me  sobre você.
-Eu sou como você, mas já tive paixões turvas e sonhos desistidos hoje eu sou um andarilho, poeta atormentado e iludido.
-nossa, tu me pareceste tão feliz.
- eu sei, todos dizem isso, o fato é que ninguém me entende.
- mas eu te entendo andarilho.
- só tu solidão para entender meus anseios sem sentido.
- sempre a um sentido andarilho, conte-me a razão dos seus anseios?
- ah solidão, se trata de um amor não correspondido, eu também não tenho coragem se quer de convidá-la para o meu mundo, mas se ela estiver me ouvindo saiba que até agora nada mais importante aconteceu na minha vida fora você. Será que eis capaz de bater na minha porta, pra me ver? E me convidaria para sair, para me libertar e por fim me amar?
Dobro a esquina e volto para casa onde é o meu lugar.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           João Pedro Oliveira (25/07/12)                         

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